Reanimaram o gif

Dizem que graças ao Tumblr, que aqueles antigos gifs animados mofando nos confins da Internet, ganharam vida nova. E também só porque a maioria das redes sociais hoje não permite a postagem destas imagens em movimento, muita gente esqueceu deles. Mas o charme desses pixels se alternando em loops de pouquíssimos segundos, sem qualquer necessidade de interação, ou de plugins, não tem igual.

Segundo o Mashable, não só o Tumblr, mas o Reddit e outras iniciativas mais especilizadas, são responsáveis pela recuperação dos gifs. O duo de fotógrafos Jamie Beck e Kevin Burg mistura a técnica surrada dos gifs com imagens bem produzidas para moda, atingindo um nível muito além do comum. O resultado deste trabalho passou a ser chamado de “cinemagraphs“, devido à qualidade cinematográfica dos arquivos .gif.

Os gifs (abreviação de Graphics Interchange Format) começaram a circular na WWW em 1987 com uma taxa de compressão mais eficiente que a das antigas imagens para web, e que foi a patenteada como LZW, pelos seus criadores Abraham Lempel, Jacob Ziv, e Terry Welch. Em 1989 o formato ganhou capacidade de animação e aí não teve outra, roubou a cena em quase todos os sites. Foi assim que mais tarde o Flash pegou tão bem, marcou uma época em que toda página tinha que ter uma introdução com arrojadas formas em movimento, botões que reagiam com barulhinhos, se requebrando diante do cursor. Muita gente fez carreira nesse período, incluindo eu mesma, apesar de não ter feito muita grana. Pouco depois, nos cansamos daquelas páginas carnavalescas, clicávamos em “pular intro” e íamos direto a informação que se procurava. Com o tempo também, novos formatos de vídeos pra web tornaram-se mais difundidos, surgiu o Youtube, o javascript e tantos outros tipos de interação dinâmica. Até que um dia a Apple decidiu matar o .swf, quando lançou o iPhone e o iPod touch sem suporte para Flash. Mas esta conversa pode ficar pra outro post.

Boneco que animei no Flash, a partir de um desenho pela minha prima de 7 anos

No Brasil eu só fui começar a usar a Internet, e mesmo assim de leve, em 1998. Criei um email, não me lembro em qual domínio. Em poucos anos, todos nós, uns mais cedo, outros bem mais tarde, abraçaram a web. Depois do advento do Google e seus incontáveis recursos, dos blogs, das redes sociais, ninguém mais imagina existir fora a teia do tamanho do mundo. Como foram rápidas as mudanças de hábitos e as interfaces! Lembro de quando podíamos a postar gifs no Orkut (há quantos anos atrás?), era a maior diversão. E deve ter causado verdadeiros pandemônios nas conexões da época. Cada página cintilava em vermelho, verde e azul, RGB, numa frequência frenética. O Orkut morreu (morreu?), e como as mudanças tecnológicas são galopantes, as possibilidades de video e áudio evoluem mais rápido do que a gente pensa acompanhar. E por isso que os gifs, na sua simplicidade possuem uma certa graça, com ares de antiguidade digital.

Adoro entrar no ffffound de vez em quando e descobrir as animações mais fofas, ou mais lindas, ou as mais esdrúxulas possíveis.

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Ludmila Rodrigues
Ludmila Rodrigues
Ludmila Rodrigues é carioca, artista plástica, cenógrafa e professora, radicada em Haia, nos Países Baixos. Seu trabalho une a dança à arquitetura, construindo pontes entre os cinco sentidos e a arte, entre a experiência individual e a coletiva. Ludmila também é apaixonada por kung fu e por cinema.

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