Inspiração dá e passa

Nascida e criada com pai jornalista, e jornalista praticante feito crente que vai todo dia ao culto, a religião que aprendi com ele foi a de esclarecer. Logo, aos 10 anos, e com mais certeza ao 12 anos, eu sabia que quando crescesse mais um pouquinho, porque naquela época já tinha 1,70, seria jornalista. A ideia mudou um pouco na sétima série aos 14 anos, aí tive a certeza de que seria publicitária.

Então foi assim, a minha primeira inspiração veio dele. Não só do que ele escrevia, mas do que ele falava. A partir daí eu comecei a perceber que o indivíduo precisa ter conteúdo. A beleza está no conhecimento, e o conhecimento por sua vez está em todos os cantos do mundo. Está no mar que ensina o pescador, na terra para os agricultores, no céu para os aviadores e nos livros para todos os povos. Além de estar nas pessoas que buscam inspiração nas mesmas coisas que você.

A inspiração dá e passa. Ela dá em você, e depois passa para outra pessoa, dá em outra pessoa e depois passa pra você.

E é aí que minha segunda inspiração entra, por meio das crônicas. Ela vem de um cara que tem intensidade até no nome. Veríssimo é marcante até na hora em que lemos o nome dele: Luis Fernando Veríííííssimo. É a veracidade das coisas, das palavras em família que se unem e vão gerando filhos, filhos lindos, e netos, bisnetos… E quando você vê, já entrou pra a família, e quer ler ele o tempo todo, mastigar, engolir, aprender, e também, procriar.

A inspiração dá e passa. Ela dá em você, e depois passa para outra pessoa, dá em outra pessoa e depois passa pra você. É uma recíproca, mesmo que involuntária em algumas situações. Um vai e vem, uma troca que não cessa nunca. É o encontro de corpos que nunca se viram, nem se tocaram, mas procriam uns com os outros como verdadeiros casais em lua de mel. O melhor de toda essa troca é que esses filhos podem ser eternos.

Essa tal de inspiração aguça novamente quando pego aqueles livros ilustrados com xilogravura (técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel), que costumam ter 32 páginas e cheiro singular chamados de Cordel. Eu adoro ler, escrever, comer e sonhar cordel. As poesias de cordel falam de fatos do nordeste e do mundo, reais ou fantasias. Encartados, costumam encantar e divertir desde a época da colonização do Brasil. Além do Brasil e de Portugal, a literatura de cordel também faz parte da cultura da Espanha, México, Argentina e Peru.

Inspiração é isso. Em todos os cantos e encantos do mundo tem o dedo da inspiração no meio. Ou muitos dedos, muitas mãos… Essas mãos se unem, somam, trocam, dão e passam estímulos, e minha inspiração de escrever me inspira a viver e a trocar sempre mais.

A inspiração dá e passa tornando a criatividade eterna.

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Leila Perci
Leila Perci
Pernambucana, publicitária, curiosa, ansiosa e ainda mãe. Descobriu nesse último papel o prazer de realizar todos os outros. Viciada em cordel, crônica e poesia. Amante das palavras dá um boi pra entrar em uma conversa, e uma boiada pra não sair.

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