ZIMARA
A ideia do processo de RespirAR surgiu com os relatos de nossos parentes e amigos que sobreviveram à COVID-19, são deles as frases ditas no filme. Todo o processo foi feito remotamente. Entre os dias 12 e 16 de junho de 2020, fizemos a pesquisa das imagens, estudo das performances, decupagem e direção das cenas.
Isoladas em nossas casas, expostas as notícias diárias sobre o tema, quisemos produzir uma correlação entre o sintoma mais relatado pelos doentes, a falta de ar, com o episódio de racismo nos Estados Unidos que vitimou o cidadão americano George Floyd. A frase repetida por ele várias vezes “I can’t breathe”, e as frases dos nossos sobreviventes do novo Corona vírus “eu não conseguia respirar”, ”eu fiquei com muita falta de ar”, entre outras, se metamorfosearam, na performance do ator William de Paula. A escolha de um homem negro para desempenhar a performance ilustra o que matérias jornalísticas citam: o perfil da “vítima padrão” de Covid-19 no Brasil é homem, negro e pobre.
Mas o diferencial é que no nosso trabalho ESSE homem sobrevive. Nosso filme projeta Vida, Resistência, Superação. Ele respira e quer viver como todos nós.
Quando a Rejane Neves, uma das executoras desse projeto, precisou cuidar da mãe que contraiu a Covid-19 veio o Insight de juntarmos esses dois temas relevantes. O I can’t breathe do Racismo e da Covid, a impossibilidade de respirar, no sentido literal como no caso da doença e outra no sentido subjetivo como no caso das vítimas de preconceito racial.
Quando pensamos em fazer este projeto, o objetivo a princípio foi o Edital do Itaú: Arte como Respiro, e pensamos em navegar em um tema recorrente nos últimos meses. Paralelo a isso, quisemos subjetivamente expor, como mulheres negras que somos, o nosso olhar para as questões do movimento Black Lives Matter, que ganharam as mídias mesmo estando numa pandemia, ou até mesmo por conta dela. Quando a Rejane Neves, uma das executoras desse projeto, precisou cuidar da mãe que contraiu a Covid-19 veio o Insight de juntarmos esses dois temas relevantes. O I can’t breathe do Racismo e da Covid, a impossibilidade de respirar, no sentido literal como no caso da doença e outra no sentido subjetivo como no caso das vítimas de preconceito racial.
A tecnologia nos uniu, e usamos nossas experiências, cada uma em sua área no universo audiovisual, para produzir um esquema de roteiro.
Discutimos por horas sobre quem faria a performance, se a Ziza Fagundes, outra executora do projeto que é atriz ou se chamaríamos algum homem, o que era da vontade de duas de nós. Como não tínhamos nenhuma verba pensamos em chamar um amigo que topasse fazer este trabalho sem receber cachê, e o ator William de Paula, Ninho para os íntimos, topou de imediato esse desafio. E à Ziza, coube emprestar a voz off, e uma breve participação inicial na performance. Fizemos uma reunião com ele, também via zoom, expomos nossas ideais, o que queríamos, um “corpo barroco”, contorcido, que reverberasse a aflição da falta do ar e seus subtextos, e a recuperação gradual desse corpo. O ator fez quatro vídeos de 2 minutos cada. Nós, fizemos a decupagem desses vídeos juntas.
Pesquisamos imagens sobre os dois temas, e também trilhas que tivessem os direitos autorais liberados. As imagens, decidimos não usar, pois não tínhamos certeza dos direitos das imagens.
Ficha Técnica – RespirAR:
Direção e Roteiro:
Raquel Aguiar
Rejane Neves
Rosa Miranda
Ziza Fagundes
Montagem:
Alexander de Souza
Edição de Som:
Rosa Miranda
Performance e Voz:
Ziza Fagundes
William de Paula
Pesquisa de Imagens:
Rosa Miranda
Ziza Fagundes
Agradecimentos:
Amélia Verginia das Neves
Kbeça D’ Nêga