Asas e a busca pela espiritualidade

“ ‘Asas’ é um misto de ansiar por querer me libertar e expor espiritualmente dentro desse isolamento” – Kaê Guajajara

Na última segunda-feira, a cantora indígena Kaê Guajajara lançou, pelo canal Azuruhu, no Youtube, o seu primeiro clipe. O vídeo, que acompanha a música “Asas”, traz um território comum e, ao mesmo tempo, distante a todos nós, onde a artista divide com o público um pouco de seus processos de cura em forma de arte.

Com uma linguagem que mescla o futurismo indígena e uma pegada de surrealismo, o clipe nos transmite por meio de metáforas visuais os sentimentos de equilíbrio e leveza associados aos elementos da natureza. Nos aproximando de outras formas de vida, seus diversos simbolismos carregam em peso a bagagem cultural e as diversas expressões de espiritualidade dos povos originários, em uma caracterização daquilo que se encontra no campo do não-dito ou não-registrado, ultrapassando assim as barreiras que normalmente encontramos em linguagens como a música ou a palavra escrita.

Foto de Kaê por Abimael Salinas
Créditos das fotos: Abimael Salinas / insta: @abimaelsalinas
Foto de Kaê por Abimael Salinas
Créditos das fotos: Abimael Salinas / insta: @abimaelsalinas

Ao ver o clipe, podemos observar que muito da melodia de “Asas” é reflexo e resposta de Kaê ao sentimento de isolamento que muitos têm vivido nesses tempos de pandemia. Segundo a cantora, a inspiração veio ao ouvir o trabalho do artista Nelson D, intitulado “Asas Rebeldes”. A música a fez lembrar de seu amigo Samuel Chuengue, que havia composto “Eu tenho que voar” há algum tempo, e então ela decidiu que poderia ir encaixando uma música na outra. 

Carregada de muitas de suas questões, como a vontade e necessidade de libertação, Kaê Guajajara foi, aos poucos, deixando essa junção mais parecida com ela mesma, ao desenvolver um processo criativo que se somaria às duas composições para as permear com sua personalidade. 

“A música ‘Asas’ e o clipe foram a forma em que consegui realmente expressar a minha busca pela fórmula mágica para não mais me sentir presa, como as pessoas tanto falam aqui, para estar com o espírito livre, né, viajando por várias dimensões em que só a gente sabe.” – Kaê Guajajara

Kaê vestindo cocar
Créditos das fotos: Abimael Salinas / insta: @abimaelsalinas

Em sua conta no Instagram, a cantora desafiou seus seguidores a também exporem seus processos de cura, postando uma foto, poesia, texto, vídeo ou o que quer que prefiram, marcando a hashtag #DesafioAsas. Com o desejo de que possamos materializar aquilo para o qual muitas vezes não encontramos nenhum símbolo, a ideia da cantora é ver os fãs, amigos e familiares fazendo qualquer coisa que os faça se sentir livres, para que, assim como ela foi inspirada pela arte de seus amigos, mais e mais pessoas possam se inspirar e buscar esses processos sem vergonha de dizer o que realmente as faz felizes.

“Asas” é a música de chamada do EP “Wiramiri”, que estará disponível em todas as plataformas na segunda quinzena de setembro e conta com participações de outros artistas indígenas, como Wescritor, Kandu Puri e pessoas próximas a Kaê. 

Acompanhe as redes sociais da cantora e do coletivo Azuruhu em @kaeguajara e @azuruhu para saber mais sobre os processos de construção do EP, suas músicas e diversas outras ações do coletivo, que acontecem sempre simultaneamente. 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Parabens pelo texto! Sucesso. Obs: o sobrenome do compositor da letra “Eu tenho que voar” Samuel Chuengue saiu errado. É Chuengue nao chueng. Ao editor: corrigir o texto. Obrigada… sucesso na divulgaçao.

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