Personalidades de inúmeros papéis

O dia é 8 de março de 1957. Operárias de uma fábrica em Nova Iorque, que trabalham 16 horas por dia e salário inferior ao masculino, reivindicam melhores condições de trabalho fazendo uma grande greve. A violência marca a manifestação. Repressão, incêndio e aproximadamente 130 tecelãs morrem carbonizadas trancadas dentro da fábrica, num ato totalmente desumano.
Anos depois, em 1975, a data é oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas), tornando o dia  8 de março o “Dia Internacional da Mulher”. Uma data não apenas para comemorar, mas sim, refletir e debater o papel da mulher na sociedade.

Ou seriam os papéis?

Judite é mãe de três filhos. Daí ela já é mãe três vezes. Professora de escola pública precisa acordar cedo para organizar a casa, aí ela já é dona de casa. Prepara o café da manhã em sua função de chef de cozinha e joga o lixo fora, após aguar as plantas do quintal sendo zeladora. Já na hora de acordar as crianças ela pega alguns baldes de água na pia de fora da casa e coloca dentro do banheiro para que os meninos possam tomar banho. Com um pente ela faz cachinhos no cabelo da caçula Manoella e coloca perfume nos três, na sua função de personal style.

“Hoje no Brasil e em todo o mundo, muitas Judites levantaram cedo e receberam rosas, bombons e votos de felicidades, no meio das suas rotinas de grandes guerreiras.”

Já na caminhada para a escola, Judite vai cantando as canções que as crianças gostam e é uma verdadeira estrela da música. Na sala de aula é dia de prova e os alunos estão com os nervos à flor da pele, mas Judite sabe conversar e acalmar, na sua função de psicóloga. Ao término da jornada de trabalho Maria Clara, a filha do meio, irá ajudar sua mãe a fazer a feira. Depois é claro, de Judite ter ido pagar as contas em uma lotérica perto de casa. No resto do dia ainda tem prova pra corrigir, filhos pra ensinar, roupas pra lavar, jantar pra fazer, apostila para estudar…

Hoje no Brasil e em todo o mundo, muitas Judites levantaram cedo e receberam rosas, bombons e votos de felicidades, no meio das suas rotinas de grandes guerreiras. E ganharam mais forças para conquistarem seus ideais e mais datas importantes em suas jornadas. Como 24 de fevereiro de 1932 quando o direito de votar e serem eleitas em cargos no executivos e legislativos passou a ser uma realidade para as brasileiras, 1870 para a francesas que passaram a ter acesso aos cursos de Medicina, 1862 quando as suecas puderam votar pela primeira vez, 1874 quando as japonesas receberam a primeira escola para moças e tantas outras datas na história.

Além de datas, mulheres de destaque: Leila Diniz em defesa da liberdade de expressão feminina, do direito ao prazer e à opinião. Frida Kahlo considerada por muitos a pintora do século. Joana Dar’c, descendente de camponeses ajudou a França a vencer a Guerra dos Cem Anos. Princesa Isabel, foi cognominada a Redentora por ter, através da Lei Áurea, abolido a escravidão no Brasil. Anita Garilbaldi, companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, conhecida como a “Heroína dos Dois Mundos” e considerada uma das mulheres mais fortes e corajosas da história. Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras e um verdadeiro exemplo. Publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade. Madre Teresa de Calcutá considerada por muitos como a missionária do século XX. Maria da Penha batalhadora dos direitos das mulheres, sua história inspirou em 2006 o então presidente Lula a criar uma lei que leva o seu nome, que aumenta o rigor das punições às agressões contra a mulher. Dilma Rousseff, primeira brasileira a se tornar presidente.

Entre muitas histórias, e também, muito trabalho, a mulher mostra todos os dias que o sexo frágil está longe de ter um rótulo cabível para decifrá-la. Além de tudo, nada as impedem de passar o dia trabalhando e ainda em cima de um salto, maquiadas e cheirosas. Verdadeiras flores que fazem do mundo mais bonito e desenvolvido.

Feliz dia das mulheres. Feliz todos os dias.

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Leila Perci
Leila Perci
Pernambucana, publicitária, curiosa, ansiosa e ainda mãe. Descobriu nesse último papel o prazer de realizar todos os outros. Viciada em cordel, crônica e poesia. Amante das palavras dá um boi pra entrar em uma conversa, e uma boiada pra não sair.

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