A piura, uma aparente rocha encontrada no litoral chileno, e consumida como iguaria no mesmo país, assombrou muitos leitores da Scientific American no ano passado. Fora do ambiente científico, porém, pouca gente ouviu falar e por isso sua fama continua discreta na web. As imagens são de embrulhar o estômago. Quando seccionada, o seu interior molhado e de coloração avermelhada, sugere as entranhas de um mamífero. Seria aquela pedra então um ser vivo ou apenas um mineral de estranhíssima variação?
Essa bizarra rocha, por incrível que pareça, é mesmo do reino animal. A piura, como conhecida no idioma espanhol, é uma ascídia, uma classe de cordados, que não se locomove, apenas no estágio larval e é hermafrodita quando adulto (lança seus ovos e esperma no ambiente ao seu redor, o fundo do mar). Porém o mais chocante para nós é mesmo a sua semelhança com a carne animal. Tanto, que sua visão pode ser mais angustiante que olhar para um corte de carne no mercado, a que estamos muito mais acostumados (os vegans me perdoem, pois estou com eles! Só como carne umas parcas vezes por ano e sou contra o consumo de leite).
A P.chilensis foi primeiramente estudada por biólogos chilenos e documentada num artigo de 2005. Eles focaram-se na reprodução peculiar deste animal, isolando-os em tanques no laboratório da Pontifícia Universidad Católica de Chile. Os cientistas viram como o animal nasce macho e torna-se bissexual na fase adulta, fecundando a si mesmo, principalmente quando encontrado sozinho no mar (eles podem ser também vistos em em grandes grupos, cruzando uns com os outros, sem distinção de gênero e assim aumentando o sucesso da espécie).