Há muito tempo deixou de ser segredo de Estado o fato de o tempo passar cada vez mais rápido, da vida estar a cada segundo mais acelerada. Ninguém mais finge não saber que os dias vêm se encurtando, ao passo que os afazeres só se prolongam. Nesta cultura de eterna maximização do tempo em que estamos inseridos, é notório que os mais espertos ganham dinheiro com isso.
Apesar de o debate sobre a turbulência cotidiana na qual vivemos ter sido fomentado com o surgimento da Internet, vários empresários ao redor do mundo já haviam percebido a vontade humana de resolver mais questões em menos tempo. Os irmãos McDonald que o digam. Os inventores da maior rede de fast-food do mundo notaram, na Califórnia de 1940, uma vontade incutida em seus fregueses de se alimentar rapidamente e, assim, ter mais tempo para outras atividades. Com isso, eles ganharam não apenas rios de dinheiro, como fundaram um dos símbolos da cultura capitalista. Viva o Mc Lanche Feliz!
Nessa mesma visão econômica, foi criado o conceito do fast-fashion. Lojas como Zara e Forever 21 lançam roupas a preços mais “acessíveis”, mas que, em contrapartida, não durarão um trimestre no guarda roupa do cliente, seja porque a peça relaxou na quarta lavagem ou só por ter “saído de moda” mesmo. Você deve pensar: mas quem se sujeita a isso? Eu te convido a procurar na nossa dinâmica Internet: inauguração Forever 21 Rio de Janeiro. Mais de duas mil pessoas estavam acampadas na porta da loja para serem os primeiros a comprar produtos de design estrangeiro. Só me pergunto qual o contexto de entoarem o sem graça e eterno grito “eu sou brasileiro”.
Indo mais a fundo na cultura Fast, os aplicativos para encontrar pessoas a fim de transar demonstram que nem as relações sociais ainda são vistas como merecedoras do tempo do indivíduo. Esses chamados fast-fuck são forte evidência de que o que se busca hoje é a satisfação instantânea das vontades. Pois, com eles, torna-se obsoleta a necessidade de conhecer a pessoa para ir para cama com ela. Os dois só querem matar aquela vontade e pronto.
Fast Food, Fast Fashion, Fast Fuck, Fast Pass, Fast Line, Fast Car. Me preocupo com toda essa aceleração que buscamos. Me pego pensando se não estamos vivendo uma Fast Life. Talvez eu abra um serviço de Fast Love, em que você namora e ama intensamente um desconhecido por alguns dias e, depois da primeira briga, os dois não precisam mais se falar, ligar no outro dia ou fazer as pazes, basta contatar o serviço novamente e arrumar outro alguém. Talvez isso nem seja lucrativo, por já estarmos vivendo isso de graça. Sei que agora tenho que ir. Meu McCheddar ficou pronto.
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Ilustradora Convidada:
Karolline Queiroz
Desenho desde que me reconheci, e então me tornei ilustradora. Prazer, eu me chamo Karolline, nascida e criada na Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. Cursei belas artes na UFRJ e me considero uma eterna e inquieta admiradora das artes visuais.