Quando eu era mais novo, passava praticamente o dia todo na casa dos meus primos. Juntávamos várias meias até parecer com uma bola pequena e ficávamos brincando de cobrar faltas na sala. O gol era a estante, cheia de cacarecos da minha tia. Raros eram os momentos em que a gente lembrava de baixar os porta retratos, quase sempre alguma coisa se quebrava, mas mesmo assim era bem divertido. Acredito que essas brincadeiras ajudaram a mim e ao Pablo (meu primo mais velho) a melhorar nossas habilidades futebolísticas. Já o Diego (meu primo mais novo), mesmo depois que a brincadeira acabava, continuava com a bola pela casa, driblando os bancos e as cadeiras. Talvez essa persistência dele tenha o ajudado a se destacar da gente, o que o levou a se profissionalizar como jogador anos mais tarde.
Além das brincadeiras de futebol improvisado, nos reuníamos no quarto e ficávamos inventando histórias de ação e aventura, onde os personagens eram nós mesmos. Nós nos denominávamos “Los Primos Gatos” – é, eu sei, é bem brega. Curiosamente, as histórias tinham um formato inusitado para a época, nós não anotávamos nada, nem desenhávamos. Eu simplesmente sentava na frente deles e começava a inventar a ação de cada um de nós na história a ser contada. Conforme a trama ia se desenrolando, íamos melhorando e adicionando fatos reais, o que nos deixava ainda mais empolgados. Uma das nossas adições preferidas era colocar as meninas que achávamos bonitas nas histórias como se fossem nossas namoradas.
Por mais que eu fosse o responsável por contar as histórias, elas não seriam tão divertidas e mirabolantes sem as adições feitas por eles dois. Parecia que tínhamos ensaiado, cada um com o seu ponto de vista e questionamento, eles adicionavam o molho que dava o sabor final nas histórias. Conforme as semanas iam passando as aventuras ficavam cada vez mais complexas. Tudo isso graças ao senso de troca que estabelecemos organicamente.
“Acredito que quando as pessoas se unem, elas tem maior poder de ação, e nada, absolutamente nada, me fará mudar de opinião.”
Hoje trabalhando com audiovisual, percebo a importância de cada pessoa em um processo criativo. E agora estudando cinema, vejo que, sem essa coletividade, é praticamente impossível produzir sozinho.
Você não precisa se isolar, se esconder das redes sociais, nem muito menos se curvar diante daqueles que se acham poderosos. Você deve se levantar, se mostrar, aparecer e lutar de cabeça erguida pelo seus ideais, conquistando seu espaço através de trabalho. Saiba que precisará enfrentar as desigualdades com as armas que tiver – quando falo em armas me refiro ao poder interno, todo conhecimento adquirido seja por estudos, experiências de vida ou trabalhos anteriores. Não existe nenhuma desculpa para aqueles que se calam ou se deixam levar como gados para conquistar seus interesses próprios, pois quando você se cala, você cala todos aqueles que um dia clamaram por ajuda.
O TREVOUS carrega em sua essência a coletividade desde de sua criação. Por aqui já passaram diversas pessoas que compartilharam suas experiências pessoais e profissionais. Através dos anos o TREVOUS vem se expandindo por outros mecanismos e consequentemente abrindo portas para o conhecimento e experiências de trabalho importantes para o crescimento profissional daqueles que ainda estão começando. Acredito que quando as pessoas se unem, elas tem maior poder de ação, e nada, absolutamente nada, me fará mudar de opinião.
Nesse momento o TREVOUS não volta, pois ele nunca partiu, nesse momento o TREVOUS se coloca, se impõe, se mostra, se estabelece como marca, ideia, coletivo e, principalmente, resistência.
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Isso aqui! viva a criatividade coletiva.
conta cmg. bjs
Sem dúvida, um pensamento coletivo é forte e de grande qualidade, o trabalho em grupo faz o ser humano refletir e tirar de si toda criatividade inerte. Concordo 100% com o texto. Em tempo: esses primos sempre foram gatos!