A Quebra de Paradigmas em ‘Nada Ortodoxa’

Uma ode a coragem de romper com as expectativas sociais

Em 2020, a Netflix lançou em seu catálogo sua nova produção, “Nada Ortodoxa”. A minissérie retrata a comunidade judaica-ortodoxa de Satmar, em Williamsburg, Nova Iorque. Esthie (Shira Haas), a protagonista, é uma jovem judia que foi criada por sua avó, visto que sua mãe foi expulsa da comunidade e seu pai é um alcoólatra.

O seriado é uma adaptação do livro “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots”, de Deborah Feldman. O livro conta a história da própria autora, que rompeu com o grupo religioso em que nasceu por conta da infelicidade da vida conjugal advinda de um casamento arranjado.

Uma criança ortodoxa vestida de noiva posa para uma foto em meio a diversos convidados
Yakov Shapiro (Amit Rahav) e Esther Shapiro (Shera Haas)

Na obra audiovisual, Esthie foge durante o shabat com a ajuda de uma amizade externa a sua comunidade, e vai para Berlim, onde vive sua mãe. Dessa forma, se traz para a narrativa todas as questões históricas que levaram à diáspora judaica, que resultou justamente na existência de congregações extremamente fechadas em prol da preservação da cultura e memória de um povo.

A atriz, Shira Haas, tem uma performance incrível num papel nem um pouco fácil de ser interpretado. Uma personagem com diversas camadas, em um arco que é justamente de rompimento com uma série de normas comportamentais que regem sua vida desde o nascimento. Shira faz esse papel brilhantemente, com muita força e verdade.

“Nada Ortodoxa” retrata um universo específico, trazendo símbolos culturais que poucas vezes foram retratados no audiovisual. É o primeiro seriado falado em iídiche já feito. Só por essa razão já vale a pena conferir, mas a atuação impecável de Shira Haas e a narrativa emocionante da protagonista tornam a minissérie ainda mais instigante.

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Magdalena Vianna
Magdalena Vianna
Magdalena é roteirista, diretora de arte e produtora cultural. Criada nos palcos dos teatros cariocas, é filha de atores e sempre viveu e respirou a cultura do Rio de Janeiro. Apaixonada por todas as formas de arte, hoje aspira criar no meio audiovisual.

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