Sabe quando você deita pra dormir depois de um dia cheio e ainda tem coisas rodando pela sua cabeça? Coisas pra se lembrar, decisões pra tomar, tudo e todos que você viu naquele dia. Vivemos na era da sobrecarga de informação e, apesar de falarmos constantemente sobre isso, são poucos os artistas que realmente nos fazem enxergar e questionar essa rotina. Joe Pease, foi um dos únicos até agora que me mostrou um jeito criativo de abordar essa questão contemporânea.
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Pouco tem a se falar sobre a biografia de Joe, visto que poucas vezes expôs seu rosto e poucas vezes deu entrevista (2 vezes até agora). Australiano que atualmente vive nos Estados Unidos, teve alguns trabalhos audiovisuais antes de começar suas obras de vídeo arte. Tendo sido um dos diretores da agência de publicidade Saatchi and Saatchi e diretor de “DAEWON” (2019), um documentário sobre o skatista Daewon Song.
A cultura do skate inclusive está intrinsicamente ligada ao seu trabalho. Como comentou em entrevista, o filme de Spike Jonze, “Mouse” (1996) foi uma porta de entrada de Joe para gravação e edição de vídeo. Além disso, foi o que lhe apresentou aos clipes de Spike, à Michel Goldry entre outras referências que impactaram seu estilo.
Sobre seu estilo, inclusive, é notável como é bem definido no seu trabalho. É uma espécie de colagem visual de vídeos que misturam gravações externas, gravações em fundo verde, imagens e vídeos de estoque, entre outras várias coisas. Postas em um formato que brinca com camadas, repetições e perspectivas. Tudo isso claro, gravado, editado e pós produzido pelo próprio, o que explica muito bem o porquê da baixa frequência de suas postagens nas redes.
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Se pararmos para pensar, todo material bruto usado para suas obras é bem pouco. Mas é interessante ver a forma como Joe consegue brincar com ele ao se utilizar de efeitos visuais (muito provavelmente feitos no After Effects). Como espectador, eles me fazem refletir sobre todos os “mini instantes” que temos em um dia. Quando vemos uma pessoa conhecida ou não na rua. Quando passamos de ônibus e nosso ponto de vista sobre um lugar muda. Quanto tempo se passa nessas pequenas interações e quanto tempo sentimos que passou.
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Vídeo para a Glitchmarfa sobre a obra “| | | | ||||| | | | |”
Como editor de vídeo fico realmente admirado com a simplicidade de ideias e a complexidade da montagem das suas obras, que com certeza, custaram uma boa memória RAM. Só de pensar nas camadas repetidas, nos efeitos de luz, câmera, janela de ajustes, dentre outros recursos, fica difícil tentar imaginar um ponto de partida pra a criação de um clipe. Como desenhar e planejar tamanha sequência de efeitos simultâneos? Por onde começar?
“eu me esforço para explorar constantemente estilos diferentes. Eu gosto de todos os aspectos da produção cinematográfica e adoro experimentar em todas essas partes diferentes.” – Joe Pease
Fonte: visual fodder
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É um somatório de coisas que faz ver uma obra sua postada em algo singular na minha rotina. E apesar da baixa presença nas redes. Se lembrarmos de todo trabalho, de pessoa e máquina, que demanda para realizar uma obra dessas, dá pra entender a demora na publicação de sua próxima colagem. Por hora, vou tentar filtrar um pouco desse acumulo de informações antes de dormir.
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