O mundo anda complicado

Esse artigo foi originado de um fato ocorrido no Facebook, onde a foto abaixo foi comentada por um amigo meu em um mural de um amigo dele. Meu amigo responde o post como “grande bobagem” e o amigo que publicou a foto responde:

“-Sou hétero, foi mal…”

A partir daí, eu, como um bom intrometido, começo um diálogo com o postador e faço desse diálogo minha argumentação e reflexão sobre esse assunto tão complexo e tão simples… Essa é a minha visão, embasada pelo que a organização mundial de saúde apresenta sobre o tema e pelo que eu pude perceber na psicologia até hoje.
Citando Foucault: “Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir.”
Ser hétero não é ser ignorante… Mas, assim como a orientação sexual, também pode ser escolhido.
Ninguém pede para nós héteros pararmos de exibir heterossexualidades… Homossexuais não se comportam assim como mostrado na foto. O cartaz é tendencioso, pobre de argumentos e tenta manipular a opinião de quem vê com uma falsa e generalista argumentação. O maior problema da sociedade é conseguir ter tolerância e aceitação do que é diferente, do que sai do padrão construído. Somos ensinados a cuidar demais da vida do outro. O outro não pode ser diferente, como se ser diferente é ser ruim.

Dizer que é errado é “homofobia”, pois conceitua algo que não diz respeito à ninguém mais a não ser a pessoa… como no caso do time.

O que essa foto mostra são exageros de exibição, tal qual no mundo hétero. E não precisa ir muito longe pra ver, é só olhar um baile funk ou o carnaval, programas de tv.
A pessoa homossexual não escolhe como a uma roupa ou comida sua própria sexualidade.
Pode-se até não concordar com essa “direção” para si mesmo, como se pode não concordar com o time de futebol do outro. Porém, não devemos criar um conceito prévio sobre a pessoa que “opta” por esse ou aquele caminho sexual.
Dizer que é errado é “homofobia”, pois conceitua algo que não diz respeito à ninguém mais a não ser a pessoa… como no caso do time.

Dizer que não concorda com a “escolha” do outro, sem defini-la como sendo certo ou errado, apenas respeitando e o deixando ser como quer ser é o bem viver em sociedade. A expressão do homossexual, sendo a mais afetada ou a mais enrrustida, não deve causar desconforto. Por ser diferente do padrão estabelecido, incomoda. E aí o pré-conceito reina. Se um cara for afeminado não necessariamente ele é homossexual. E um cara sério, de comportamento rude e masculinizado às vezes é homossexual.

O que se deve perguntar é por que isso ainda agride alguns? Por que isso soa tão mal? O movimento gay é uma luta para que o preconceito acabe, para que a igualdade de direitos exista.
Não existe liberdade Gay, existe liberdade. É inerente. Amor não tem sexo. Por que dois homens ou duas mulheres se beijando agride mais e o casal hétero não? Sugiro doses homéricas da série Modern Family para facilitar os caminhos da compreensão e aceitação, uma verdadeira aula de como conviver com as diferenças. E ainda é bem divertido enquanto seriado.
Curioso é que não há definição que englobe toda a extensão da homossexualidade. Particularmente sem ficar preso ao pensamento dualístico, a famosa relação de causa e efeito, acho que homossexualidade é SER. É o verbo intransitivo como ar, como paladar. Simples assim, é uma boa metáfora.

Encerro este texto com uma frase perfeita de Boaventura de Souza:

“Devemos lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem e lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize.”

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Lauro Pontes
Lauro Pontes
Professor, escritor, pesquisador, supervisor em existencial-humanismo. Doutor em psicologia pela UERJ, coordenador de especialização em Cannabis medicinal, está sempre em busca de entender nossa mente e o universo que habitamos, enquanto isso alimenta diariamente seu vicio em seriados, joga pelada e exerce a paternidade de uma pré-adolescente.

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