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A fórmula do Dr. Pilsenstein

Um conto de terror carnavalesco

4 horas da manhã. O silêncio da madrugada é quebrado pelo som das borbulhas nos tubos de ensaio e balões volumétricos no laboratório do Dr. Victor Pilsenstein. O brilhante químico estava empolgadíssimo porque, depois de vários anos de pesquisas, tinha finalmente descoberto a fórmula. O Dr. Pilsenstein estava com o mesmo entusiasmo que sentiu no século passado, quando conseguiu trazer de novo à vida o carnaval de rua, morto e enterrado desde os tempos do Bafo da Onça. Ele se lembrava agora, com nostalgia, da noite em que invadiu o cemitério para exumar o cadáver, com o auxílio de seu fiel assistente, o corcunda Waldemar. A fantástica ressureição do carnaval de rua tinha sido, até agora, o seu grande triunfo. Mas a descoberta dessa nova fórmula poderia levar seu nome ao panteão do Prêmio Nobel de Química.

Nos últimos anos, o Dr. Pilsenstein vinha se dedicando também a um serviço de consultoria técnica a vários produtores de cerveja artesanal. E foi a partir daí que ele concebeu esse novo e ambicioso projeto, que envolvia banheiros químicos e cerveja, dois elementos fundamentais no carnaval de rua.

Naquela madrugada, o Dr. Pilsenstein tinha conseguido descobrir uma fórmula economicamente viável de desxixização da urina depositada nos banheiros químicos e sua posterior cervejização. Graças a esta descoberta, o material seria instantaneamente transformado em cerveja, e poderia ser reutilizado ali mesmo. Depois da passar por um aparelho de filtragem e purificação, o líquido se transformaria num saboroso chope dourado, passaria por uma serpentina e seria servido, no capricho e estupidamente gelado, aos foliões e mijões sedentos.

Com essa combinação de banheiro químico e choperia autossustentável, o Dr. Pilsenstein tinha encontrado a solução para um grave problema do carnaval de rua. Os foliões não mais mijariam nas ruas, fazendo questão de utilizar esses inovadores banheiros químicos, para poder aproveitar o carnaval até a última gota. Agora, era só esperar pelo Nobel.

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Reinaldo Figueiredo
Reinaldo Figueiredohttp://reinaldo.com.br
Mais reconhecido como fundador do O Planeta Diário e por fazer parte do Casseta & Planeta, Reinaldo tem um extenso trabalho, transitando entre a escrita, a música e o desenho. Como ilustrador e cartunista, trabalhou no O Pasquim, em jornais de grande circulação como O Globo e a Folha de S. Paulo (onde tinha sua própria coluna) e publicou cinco livros: Escândalos Ilustrados, Desenhos de Humor, Noites de Autógrafos, A Arte de Zoar e Paradas Musicais. Atualmente, continua explorando suas múltiplas habilidades: publica alguns de seus cartuns e quadrinhos na Revista Piauí, toca contrabaixo no quarteto Companhia Estadual de Jazz (CEJ) e apresenta o podcast A Volta ao Jazz em 80 Mundos, disponível no site do Instituto Moreira Salles.

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