A famosa série “Sex and the City” entrou no catálogo da Netflix dia 1º de abril de 2024 e, assim, não só foi capaz de trazer o sentimento de nostalgia para as mulheres que já a conheciam desde de seu lançamento na década de 90, como também despertar curiosidade nas jovens adultas da nova geração. O seriado conta a história de quatro amigas em seus 30 anos, “Carrie”, “Miranda”, “Charlotte” e “Samantha”, que vivem aventuras sexuais e amorosas em Nova York enquanto frequentam festas e lidam com dilemas em suas carreiras. Mas o que acontece quando as famosas personagens entram em contato com o mundo atual?
Aparecendo em desde trends no Tiktok a posts no Pinterest, Twitter e Instagram, “Sex and the City” faz grande sucesso nas redes sociais. O interesse dos jovens fica aparente em vídeos virais de mulheres andando na rua com a famosa música de entrada da série tocando no fundo em homenagem à Carrie e postagens de fotos que usam os figurinos das personagens como inspiração. As meninas que viam suas mães assistindo os filmes sobre as quatro amigas no cinema cresceram e, agora, as consideram “ícones” da moda e louvam seus estilos de vida.
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@pachulita123 SEX AND THE CITY WALKS @Francisca Aldana #satc #sexandthecity #carriebradshaw #samanthajones #mirandahobbes #charlotteyork ♬ Sex And The City Main Theme (From “Sex And The City”) – Geek Music
Entretanto, nem tudo são flores e a nova geração, que evoluiu seu pensamento crítico sobre as causas sociais, enxerga alguns problemas no seriado dos anos 90. Por ter sido escrita e produzida em uma época ainda bem conservadora e preconceituosa, resquícios de machismo, racismo e transfobia podem ser percebidos em alguns dos episódios da série. Um exemplo disso é o episódio 18 da terceira temporada, no qual Carrie se refere constantemente a mulheres trans como se fossem “metade homem”, invalidando sua identificação de gênero, um erro que seria inaceitável em produções contemporâneas.
Apesar de suas controvérsias, a série se mantém relevante ao tratar de questões consideradas como “tabus” na vida das mulheres, como suas experiências sexuais. Dito isso, a personagem Samantha representa o empoderamento feminino em relação ao sexo ao desmitificar o lado emocional das mulheres relacionado ao ato, caracterizando-a como alguém desapegada que possui vários parceiros. Tal representação que é atribuída, na maioria das vezes, a personagens masculinos é de extrema importância para mostrar para as jovens em formação que elas não precisam se encaixar nos padrões de relacionamentos retratados de forma normativa na mídia.
Além disso, o que se observa na série também é a quebra do ideal de amor perfeito retratado comumente em filmes de romance. A idealização do homem e relacionamento perfeito é desfeita ao mostrar diversos tipos de adversidades que podem ser enfrentadas na vida amorosa das personagens, como na terceira temporada na qual Charlotte se casa com um um homem que tem impotência sexual e eles conseguem superar esse obstáculo. Visto isso, essa quebra pode ser considerada muito significativa como ensinamento às mulheres que estão iniciando sua vida sexual de que nem tudo é perfeito, problemas são comuns e possíveis de serem resolvidos.
Portanto, fica claro que o seriado é um sucesso entre a nova geração. Assim, apesar de sua insensibilidade com certas questões sociais, “Sex and the City” traz ensinamentos importantes, desperta discussões que envolvem o empoderamento feminino e pensamento crítico nos jovens de hoje em dia.
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