A Princesa Prometida – versão quarentena

Que a quarentena atrapalhou bastante a indústria audiovisual, não é novidade. Todo mês somos lembrados de quantos filmes foram atrasados pela pandemia do Corona Vírus, só de ver trailers, imagens exclusivas, vídeos de bastidores que saem por aí, pensamos “caramba, esse filme ainda nem foi lançado, não é?”.

Além da distribuição, as gravações estão passando um perrengue enorme com a covid-19. Como a maior parte dos países do mundo já passaram pela dita “primeira onda”, muitas produções estão num dilema entre continuar ou não com seu schedule, tendo em vista a saúde e segurança do seu elenco e equipe. Alguns estão conseguindo resultados promissores por enquanto, como a adaptação de Uncharted, segunda temporada de Euphoria e até mesmo o filme de Zendaya e John David Washington, que conseguiu o feito de ser gravado inteiramente durante a quarentena. Mas alguns ainda assim estão tendo dificuldades, como The Batman, que na semana de volta aos trabalhos teve o ator que viverá o morcegão, Robert Pattinson, testando positivo para o “coronga vírus”.

Mas e se desse para fazer uma produção inteira durante a pandemia sem arriscar a saúde de ninguém? Nem dos atores, nem da produção? E, mesmo que ainda pudesse ter um probleminha aqui ou ali, conseguisse entregar um bom resultado que brincasse com a situação que vivemos agora? Foi com esse intuito que o cineasta Jason Reitman decidiu fazer uma adaptação de um clássico dos anos 80, “A Princesa Prometida”, numa ideia de produção bastante inusitada: Tudo gravado pelo telefone e produzido separadamente por cada membro do elenco em sua própria casa.

Já não parece uma ideia muito atrativa. Os efeitos especiais com certeza não vão ser dos melhores, a luz e fotografia podem ser toscas, e mesmo que feitas direito talvez a única salvação estaria na edição e pós produção (se houverem recursos pra isso). Mas isso nunca deve ter passado pela cabeça de Reitman, visto que o seu grande desejo era realizar um fan-filme que pudesse alegrar o público e ajudar nesse período complicado.

Cena do filme original

“Na semana em que a ordem de quarentena chegou na Califórnia, eu acabei acordando em uma das primeiras manhãs, acho que como a maioria das pessoas fez, sentindo como se, ‘Tudo bem, eu preciso ser capaz de fazer algo de valor’… Eu só pensei: podemos refazer um filme inteiro em casa? Eu até tinha visto que uma versão de Star Wars feito por um fã foi realizada. Eu apenas comecei a entrar em contato com atores que eu conhecia, dizendo: ‘Isso é algo que você gostaria de fazer?’ E a resposta foi meio que imediata e rápida. Foi como, ‘Ah, isso parece divertido’.” – Jason Reitman, para Vanity Fair

Batizado de “Home movie: Princess Bride” o projeto também serviu para promover o trabalho da ONG World Central Kicthen, que ajuda pequenos restaurantes a produzir alimentos aos mais necessitados. Dentre os atores que toparam participar do filme estão os indicados ao Oscar: Charlize Theron e J.K. Simmons; os indicados ao Emmy: Bryan Cranston, Jon Hamm e Sophie Turner; Os comediantes: Stephen Merchant, Jason Segel e Neil Patrick Harris (que contracenou com seu marido); Figuras inusitadas como: Jack Black, Joe Jonas (marido de Sophie), Shaquille O’Neal, além de Zazie Beetz, Pedro Pascal, Giancarlo Esposito entre vários e vários outros que interpretaram diferentes cenas do filme, dividindo os personagens entre si. Até mesmo Rob Reiner, diretor do filme original de 1987 fez parte do trabalho interpretando “o avô” em três episódios.

O resultado é simplesmente tosco, mas ainda assim consegue brincar com a fantasia e inocência que existia no filme original. A série foi lançada originalmente na plataforma Quibi, que infelizmente ainda não está disponível no Brasil, porém é possível ver o primeiro episódio completo e pequenos trechos das outras partes no canal do Youtube da plataforma.

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Yuri Cardoso
Yuri Cardoso
Roteirista, escritor e fotógrafo, todos ainda em prática. Sempre ouvindo podcasts e filosofando o porquê das coisas comigo mesmo. Amo cinema, relações Internacionais e história. Meio prolixo, só me concentro no trabalho ouvindo trilhas sonoras e bebendo um copo de mate.

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