TRAINSPOTTING

Preencheu o formulário? Cada nova aba, um novo formulário. App de relacionamento? Formulários. Otimização para encontrar um par, ou (talvez) a otimização da solidão? Personalização de todos os serviços para que tudo seja registrável, capturado. Tempos do burocrático o mais rápido possível para atualizar o mesmo jogo de sempre, a mesma dor de sempre. Só que — aqui — é difícil escolher um trabalho, acho que não temos nenhum que pague o suficiente, ou uma família, acho que estão todas falidas ou fadadas ao fracasso e a corrupção, mas continue fingindo que é bom sonhar com uma casa americana, com crianças planejadas e não fruto de falhas farmacêuticas ou do rompimento da maldita camisinha. Continue assinando nos termos para ter um sonho branco, alvejado, de uma casa com água límpida e cheiro de água sanitária, livre da culpa e dessa angústia, dentro do programa. Melhor ainda, sonhe que terá como pagar pelos remédios que adormeçam até sua angústia mais genuína. O programa diz que estamos caminhando em frente, que é preciso seguir em frente a todo vapor e de toda forma que seja possível. Dentro da lei, ou nem tanto, ao menos não tão à margem ao ponto em que possa questionar a própria lei. Seja também protagonista da lei dos bons, vigie pela lei, proteja as futuras crianças de todo o mal que não seja seu. Tudo está ao seu alcance, se empanturre de informações e de promoções e de produtos que chegam até você antes mesmo de você saber que precisa deles. Mas pra isso, renove outra vez os seus dados. Repita mais uma vez, onde você mora, o que você come, seu número de telefone e do cartão do banco. Mas, alto lá, use esse chip novo para que a China nunca coloque um chip em você! Temos a receita para sua dor de cabeça, para sua disfunção erétil ou falta de lubrificação, para tudo que você precisar temos a receita. Nunca a cura, perceba, nunca afirmamos que tínhamos a cura. Não se irrite, agradeça outra vez, pegue um empréstimo em nome de Jesus, tire uma carta do tarot do Osho com uma robô gostosa. Tudo ficará bem na próxima lunação. O que importa é: você pode rastrear o seu amor. Quer tentar?

Uma mulher, então, percebe que nunca será eficiente. Ela tem duas crises de ansiedade seguidas, depois finalmente para com o rosto enfiado na pia. Vinte apps lhe confirmaram que o amor que ela procura não está disponível no momento. Talvez possa se contentar com um homem disposto a pagar por fotos do seu pé e que depois (talvez) lhe ofereça um jantar, se muito. Ou com um homem que fala apenas sobre si mesmo e não gosta do cheiro de sua buceta, de nenhuma buceta na verdade. Uma “escolha fácil”, segundo o app, após ela pagar por conselhos vips de peritos no assunto por apenas mais 3.99. “Não é uma escolha difícil” e depois, “A resposta está em você”. A mulher mata o final da garrafa de vinho, toma uma aspirina tentando prevenir a ressaca. Uma amiga lhe disse que deveria cheirar a aspirina se acordar pior. Ela sempre acorda pior, mas reagiu com corações. Pareceu um gesto de cuidado por parte da sua amiga. Seu novo vibrador só chega em nove dias, deu problema no frete. Os antigos não surtem mais tanto efeito, ela se entediou deles. Agora os usa para massagear o seu pescoço ou o pé. Um amigo vem à sua casa hoje para lhe entregar metade do seu corre. Talvez possa convencê-lo de cheirar com ela um pouco e, talvez, possam foder. Foderam uma vez, mas ela se lembra vagamente. Dessa vez poderia ser diferente: poderiam foder e lembrar. Mas ele liga, diz que ela vai precisar ir buscar com ele. Ele vai dar uma pequena festa, petit comité, só com gente massa, vacinada pelo menos uma vez na vida. Ela sente ódio, mas também sabe que isso significa que alguém novo pode passar as mãos na sua perna. Algumas coisas nunca mudam. O tesão move as melhores e as piores ideias. Não é a primeira vez que isso acontece, ele faz isso com certa frequência. O endereço dele já está até salvo no seu aplicativo. Enquanto se arruma, fuma vinte cigarros, está nervosa justamente por saber como funciona. Por saber, bem no fundo, que não vai encontrar ninguém novo, pois conhece todas as pessoas que estarão lá e mesmo se tiver alguém que não conheça, não será uma pessoa nova, será mais uma pessoa como as pessoas que ela conhece. Isso é o que acontece com grupos reclusos e seletos de pessoas. Todas as pessoas são as mesmas e se encontram para continuar sendo as mesmas. Mas ela vai, porque sente que é a mesma pessoa, ainda que isso a frustre e deve frustrar todes ali, ela sente que é a mesma coisa e isso é um tipo de pertencimento. Uma palavra importante hoje. Tudo ali é tolerável e isso basta por hora, ao que parece para essa mulher que agora já está a caminho do carro.

O motorista é um homem, usa máscara das boas, pff2 e ainda é bonita. Ela pensa que poderia foder com o motorista, mas isso seria arriscado. “Que tipo de pessoa fode com o motorista?” ela se pergunta genuinamente e desiste, sua autoestima hoje está em baixa. Provavelmente ele não a comeria também, seria desconfortável e abaixaria mais o número de suas estrelas. “Você chegou ao seu destino”, “Está pago no cartão, certo?”, ao final eles nem trocam duas palavras.

O apartamento do amigo fica em um condomínio gigantesco, um aglomerado de blocos e apartamentos cada vez menores e mais caros. São quase dez elevadores, mas tudo é bem sinalizado, ela nunca errou nem uma vez. Sobe até a festa, tira sapatos e a máscara ao entrar. Reconhece todas as pessoas. Algumas acenam de longe, outras beijam sua boca ou dão carinhosos tapas em sua bunda. Tem música alta tocando para que não possam falar muito sobre nada sem que seja algo que valha gritar por. Seu amigo a recebe com um abraço agitado, suas pupilas estão enormes e ficam olhando para o decote dela. Ele segura firmemente nas suas mãos e as beija antes de chamá-la para o quarto. O quarto é praticamente uma cama e uma televisão nova ainda dentro da caixa apoiada na parede, minimalista, muito cool e apertado, mal se consegue andar lá dentro. Eles sentam lado a lado na cama e ele entrega um envelope. É o momento de maior intimidade entre os dois: ele fica grudado ao lado dela, se debruçam contando os ziplocks como crianças diante de uma caixa nova de brinquedos. Maconha, MD, Ecstasy, Cocaína. “Graças a Deus! Era hora”, ela lhe entrega o dinheiro. Como é de praxe, molham juntos os dedos no MD, depois chupam. Sempre se beijam, ele gosta de agarrá-la pelos cabelos e sempre dá uma mordida leve no lábio antes de desgrudar de sua boca. Uma vez o lábio dela chegou a inchar. Ela quer ter as pupilas iguais às dele, dilatadas assim como quem se apaixona, mas ele já está com os olhos na porta. O decote dela hoje não surtiu muito efeito, terá que comprar um novo.

Voltam pro meio das outras pessoas. Ela sabe que não vão foder hoje, o amigo vai atrás de outras transações mais eficientes. Essa palavra “eficiência” volta pra cabeça da mulher que se apoia numa parede de veludo, tenta conter uma vontade súbita de chorar. Logo percebe que tem um homem que parece com alguém que ela viu no aplicativo. Ela tenta lembrar: “Qual era mesmo o defeito dele?”. Esse esquecimento parece uma benção. Ele dança e derruba cerveja pelo cômodo. É terrível, mas suportável. Ela está indo na direção dele com seu próprio e pequeno formulário para descobrir se ele é do tipo que a come no banheiro ou se precisa levá-lo para casa, acender uma luminária e o chamar de “papi” ou “meu amor”. Revisa as perguntas milimetricamente elaboradas quando, de repente, a porta da rua se abre e a festa inteira para. Três pessoas desconhecidas estão paradas na soleira. Penetras. Isso é novo. Ninguém consegue falar nada de tanta esperança. As três pessoas vestem casacos coloridos, uma delas com óculos escuro rachado, a outra tem a cabeça raspada e a terceira tem um aplique enorme e colorido. Diante do silêncio da sala, riem muito. “Caralho, não era aqui não.” diz uma das pessoas com voz muito aguda. Riem mais. A sala inteira ri, estão tentando se enturmar. O amigo, dono da casa, se aproxima, sussurra algo no ouvido de uma das penetras, aquela pessoa dos apliques longos. Mas a pessoa de cabeça raspada fica olhando para a mulher parada no meio do caminho, tira a máscara e sorri. Usa um batom preto escuro. A mulher sorri de volta, as suas pupilas finalmente dilatam. A pessoa de batom preto e cabeça raspada caminha até ela, então diz: “Não vamos ficar nessa festa de merda. Mas se você quiser, você pode vir com a gente.” É aleatório, uma escolha arriscada e aleatória. A mulher fica praticamente sóbria. Aquela pessoa desconhecida beija sua bochecha. Um beijo delicado e lento nas carnes gordas da sua bochecha. “Eu vou”, “Tem droga?”, “Tenho”. Saem.

As três pessoas se apresentam. Ela, ele, elu. A porta da festa do amigo fica para trás, lá atrás todes fingem alívio pela saída das figuras desconhecidas. Fingem se satisfazer em ter apenas uma pequena anedota “daquela vez louca em que isso quase aconteceu”, satisfeites com uma vida de pequenas anedotas e transas turbulentas. Mas a mulher já está chegando em um dos dez elevadores, outra vez, agora no meio daquele trio sem nome. Chamam o elevador, mas demora uma eternidade. O homem não para de falar, reclama e reclama de um filme intragável que assistiu recentemente, de uma publicação improferível, reclama que queria saber falar o impensável e que queria uma transa imensurável. Ela abre a bolsa, e oferece um teco. Cheiram no corredor mesmo, o homem senta no chão para reclamar mais confortavelmente limpando os óculos escuros na camisa. A outra mulher, da cabeça raspada, vira os olhos para a tagarelice do homem e agradece repetidas vezes pelo teco: “Obrigada mesmo. Muito obrigada. Mas obrigada mesmo por isso”. Elu arruma o aplique luminoso enquanto olha pro seu reflexo nas portas do elevador, depois puxa de dentro do casaco uma garrafa de vodka e passa para a mulher da festa. Ela bebe, todes bebem. Isso pode ter durado mais tempo do que pareceu, mas ninguém se irrita em esperar. É estranho. O elevador chega. “Não se olhe tanto no espelho. Isso distorce as suas boas ideias, honey” diz a da boca preta. O homem cantarola uma música, o trio dança entusiasmado. Suas bundas parecem ter vida própria. A mulher (da festa) observa hipnotizada, se sente assim estrangeira e fascinada. A luz do elevador parece piscar, em dois segundos estão no térreo e um porteiro se aproxima puto, gritando em outra língua. Mas ninguém consegue escutá-lo.

Correm, de mãos dadas, para fora do gigantesco condomínio que ela ia toda semana. Temem que o porteiro chame a polícia ou tenha uma arma. Ela teme que nunca poderá voltar. Mas com as mãos estão entrelaçadas, de repente, correr fica tão erótico. Palma com palma suada, corações acelerando. Por isso correm muito, muito mais do que o necessário. Desviam de postes, bueiros, pessoas, bicicletas. Correm determinadamente sem rumo, o condomínio está fora de vista, porém continuam virando esquinas e atravessando avenidas. Até que dá vontade de vomitar. Se apoiam num carro estacionado, todo empoeirado, elu acende um cigarro, todes tiram as máscaras. A mulher da festa, aquela do app de relacionamentos, está esbaforida. Seu rosto está vermelho, gritando seu sedentarismo, sua dieta de fast food quatro vezes na semana. A outra mulher, de boca preta, senta em cima do capô do carro. “Alguém tem maconha?”. A rua está vazia. Ela senta no carro, começa a apertar um baseado e pergunta se a mulher não quer se apoiar no seu colo um pouco. O homem e elu estão dividindo o cigarro, o homem beija o pescoço de elu entre uma tragada e outra. É tão amoroso que é quase violento de encarar. A mulher da festa deita no colo da mulher de cabeça raspada, por cima do carro empoeirado, manchando suas roupas daquela poeira espessa de rua. Consegue voltar a respirar normalmente com o rosto apoiado nas coxas da outra mulher. Percebe que o homem e elu estão agora apoiades contra o vidro, o homem com as mãos dentro do short de elu, elu está mordendo a pele do homem e soltando risadinhas. “Já fodeu na rua?” pergunta a mulher da boca preta. “Não com alguém que não conheço”, responde a outra.

Elas se levantam, a mulher da boca preta desce do carro, enquanto a outra fica sentada no capô. O baseado já acabou, não se sabe como. A mulher careca fala alto, como se estivesse declamando para a mulher da festa, com tom quase agressivo: “Você, senhorita, foi uma pessoa terrível e inconsequentemente safada por sair de um apartamento com três pessoas que não conhece! Pessoas perigosas! Nefastas! Sujas! Agora, pagará o preço justo. Nós só gostamos de meninas safadas com o Estado, não gostamos daquelas que dão para vagabundes! Mãos ao alto!”. A mulher ergue as duas mãos. A outra tira o casaco e o usa para amarrar as mãos da mulher da festa. Amarra as duas mãos para trás, com um nó surpreendentemente firme, e deita ela outra vez no capô. “Agora, o que nós devemos fazer com você, gracinha?”. É um tanto ameaçador, estupidamente excitante. O homem e elu se aproximam. A mulher careca continua: “Vamos revistar sua calcinha! Homem, faça as honras!’. O homem ergue a saia justa da mulher amarrada, a bunda dele sente o metal frio do carro, e então ele puxa a calcinha neon com a boca: “Está molhada! Ela está excitada! Isso é terrível!”. “Está mesmo gostando?”, diz elu, “Vamos provar essa safada!” Ume de cada vez se aproxima e dá uma lambida na buceta da mulher, cada um tem uma linguada diferente. Uma é áspera e veloz, outra é lenta e mole, outra é firme e babada. “Acho que poderia estar mais”, elu diz e vira vodka na buceta exposta da mulher. A vodka é gelada, a mulher se contorce lambendo os lábios. “Está com sede?” diz o homem, “Posso te dar um gole.” Ele enche a boca de vodka e a beija entornando devagar a bebida na garganta dela. Alguém pode passar a qualquer momento. A polícia pode chegar a qualquer hora. Ela faz uma careta enquanto engole a vodka e a baba do homem. Depois o homem continua a beijando por cima do carro. A barba dele arranha seu rosto, tem cheiro de cigarro, seus lábios são finos. “Abra a boca”, ele diz. Ela abre. “Mostre a língua”, ela mostra. Ele começa a chupar a língua dela. Elu e a mulher careca estão dançando aos pés do carro. Elu arrasta e bate a bunda contra as pernas da mulher amarrada. Ela pode sentir a bunda roçando nela e o homem chupando sua língua. Elu e a mulher careca começam a se agarrar, se beijam e apertam os mamilos, quase caindo por cima da mulher amarrada. Seus corpos são pesados, a mulher amarrada começa a se debater. “Você quer que a gente vá embora, porra?” diz a mulher careca. “Acho que ela quer atenção!” diz elu. “Ó querida, eu sinto muito. Deixamos você com um homem, não foi?” diz a careca.

Então, elu começa a beijar as coxas da mulher amarrada, dando mordidinhas enquanto vai subindo. A mulher careca sobe no carro: “Vamos fazer assim: elu te chupa, você me chupa, ele olha. Ok?”. A mulher amarrada faz que sim com a cabeça. O homem se afasta, acende outro cigarro, torna a limpar os óculos. A mulher careca senta na cara da mulher amarrada. Elu chega com a boca na buceta. Parecem começar a chupar sintonizades. A mulher da festa queria conseguir agarrar a bunda enorme da mulher careca, mas as mãos amarradas não permitem. Elu chupa buceta tão bem, vai sugando o clitóris, se lambuza. Dá uma euforia. A mulher careca vai rebolando na cara da outra, que chupa cada vez mais eufórica o seu grelo. Até que está tão excitada que mal consegue continuar chupando, tem vontade de gemer e se contorcer. Os punhos começam a doer de tão atados. Ela geme. A mulher careca também geme, até que se ergue e diz: “Continuem menines! Agora eu quero ser comida.” O homem se prontifica, vira a mulher careca contra o carro e começa a penetrar no cu dela, de modo que os dois conseguem foder e olhar a mulher amarrada sendo chupada por elu. A mulher amarrada tem vontade de chorar, pela primeira vez quer chorar de tanto prazer. Ela se sente suficiente para três pessoas, isso é maior que sua ideia de amor. Ela está quase gozando, quando elu para e sobe em cima dela: “Eu quero dar um teco na sua barriga e te foder. Eu posso?”, ela faz que sim com a cabeça, confia. Elu ergue a camisa da mulher, coloca o pó bem na altura dos seus peitos e cheira. A mulher abre bem as pernas. Se pudesse ter overdose de tesão, estaria morta espumando gozo. Elu morde um de seus mamilos com toda força. Ela grita. Elu começa a deda-la com dois dedos longos. O aplique longo luminoso faz cócegas no rosto da mulher. Elu mete e mete, com os dedos lá dentro roça no ponto G. As pernas da mulher começam a tremer. Elu diz: “Quero lhe comer de pé! Sentir você ficar bambinha, bambinha!” e então puxa ela, vira ela de costas. Agora começa a meter segurando ela pelos punhos amarrados. Ela se inclina e apoia a barriga no carro. Então sente um pau entrando na sua buceta. Se pergunta se ainda é elu que está a comendo. Da posição em que está não consegue ver. Mas sente o pau delicioso entrando. Depois sente os dedos roçando no seu cu enquanto o pau mete na sua buceta. Ela tenta virar para olhar, recebe um tapa forte na bunda. “Não olhe ainda!” diz a mulher careca. Sente que estão todes atrás dela.

Sente o pau, depois dedos, depois línguas e então pau, dedos e línguas outra vez. As línguas, como os dedos, também surpreendem se metendo no cu. Se tenta se virar, recebe um forte tapa na bunda, de novo e de novo. Ela continua tentando se virar, de sacanagem. A bunda ficando vermelha, marcada. Está à beira de um orgasmo. Geme e morde os lábios como nunca. Vê a rua escura na sua frente. Uma pessoa ou outra passando na distância. Podiam até olhar, ela não se incomodaria. Não faz ideia de onde está, mesmo sabendo ser sua cidade, dali parecia outra. Uma cidade dentro da sua, onde pode ser fodida na rua como nunca. Aquele trio incansável continua. Metem e lambem, quando ela está quase gozando, param. Os escuta se beijando e gemendo. Então retomam. Toda vez que retomam, o êxtase é ainda maior. Ela pode se sentir escolhida e escolhida vezes e vezes seguidas. Apertam sua coxa, puxam seu cabelo. Até que os dedos ficam mais firmes e começam a meter no cu e na buceta, frenéticos. Todos os músculos dela contraem. Ela vai gozar, finalmente. O orgasmo mais intenso que poderia ter. Goza rude, alto e livre. O rosto quase se deforma de prazer. Todes param para contemplar ela gozar, é uma coisa assim emocionante. Poderia ser transmitido na tv e até os hipócritas iriam chorar de emoção. Então sente as três bocas beijando suas costas, beijos e beijos subindo até o seu pescoço. “Isso é pertencer”, pensa. Sente que alguém desata os nós que prendem seus punhos. Se vira e o trio lhe abraça forte. A respiração ofegante em comum. Bate uma onda: “Como chamamos isso que existe estrangeiro ao amor?”

Ilustradora convidada:

Laura Pinheiro

Laura Pinheiro, designer gráfica, amante de impressoras e de scanners. Utilizo de processos de design para desenvolver minhas expressões.

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Julia Limp
Julia Limp
É artista multifacetada. Tem casa no teatro, onde está em formação, mas já trabalha profissionalmente precocemente como atriz e diretora. Tem quintal na música, onde canta, compõe e tem algumas coisas já gravadas e crescendo em direção ao mundo. Mas fez cama na palavra, com quem se deita e tece prosa, cada vez mais perigosa e úmida. É muito surto e muito afeto, trabalha com muito tesão e às vezes com raiva. Pode morder, mas esperamos que só de sacanagem.

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