Não sou muito afeito em inventar desafios, mas os pensamentos intrusos que me atormentam são. Não por outra razão, esses visigodos frenéticos sedentos por atenção me obrigaram a assistir novamente, e mais uma vez, o famigerado “Apocalypse Now”.

Como odeio ser manipulado por esses selvagens, cativo dos seus termos, resolvi acrescentar uma nova condição; ler o livro que serviu de inspiração para Coppola.
Trata-se de “Coração das Trevas“ do Joseph Conrad, que narra a jornada de Marlowe pelo Congo “belga” (com aspas e minúscula, seus pilantras), até seu encontro com o Sr. Kurtz (uma espécie de Baby Consuelo bem menos fundamentalista), tão misterioso e fascinante quanto na obra cinematográfica. Ao reler o clássico e rever o filme, achei a narrativa bem menos enfadonha e plenamente justificável. Inclusive a viagem náutica demorada do Capitão Wilard interpretado por Martin Sheen.
Embora seja impossível, e desleal, descontextualizar as duas obras, creio que Francis Coppola deu um ritmo insano ao marasmo original e foi magistral nos seus “preenchimentos” dos tons lacônicos e hermético de Conrad. Basta notar a icônica cena da “Cavalgada das Valquírias” com seus helicópteros de guerra destruindo tudo que não seja surfistas alistados pelo Ten. Coronel. Kilgore.
Assista o trailer (se quiser), com uma pequena introdução do Copola sobre o “final cut”.

Em suma, pega o “logline” de “Coração das Trevas” e cria uma odisseia original e criativa.
Ou seja, não é uma adaptação. É um impulso, uma referência, um explosivo estopim.
Portanto, são duas histórias distintas, mesmo que conservem semelhança em sua essência.
Por fim, ainda que tenha enorme apreço pelos inícios, por tudo que antecede uma maravilha…
Meu veredicto é: ainda prefiro “o cheiro de Napalm pela manhã.”
Desculpe-me, Ivete, mas aqui o Apocalipse macetou o Coração!