Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Assine nossa Newsletter!

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Assine nossa Newsletter!

Hoje não tem “fada”, papai?

Começo o texto com a interrogação da pequena Laura, de 1 ano e 5 meses ao seu pai. João, soldado da polícia militar de Pernambuco, todos os dias acorda cedo e toma café com a sua família, depois veste a farda e vai para a rua proteger a sociedade. Laura ainda não sabe, mas a função do seu pai tem se tornado crucial para a sobrevivência da família, com um mísero salário ele vai tocando e salvando o mundo.

Mesmo sem entender direito, Laura percebe que “papai é fote”, “a fada do papai é do super-homem”, mas hoje ele trocou a farda por uma blusa branca e texto escrito em vermelho, que Laura não entende, mas diz: GREVE! E ela perguntou: Hoje não tem “fada”, papai?

João apenas beijou a sua filha na testa e se foi.

Do outro lado da cidade, outro João, o terceiro filho de uma família de classe média alta entra no carro e ouve o motorista comentar: Seu Paulo, a coisa tá feia. Tem gente saqueando todo o bairro que moro, já, já chega por aqui. E chegou. Mais na frente, bem na faixa de pedestres, um grupo de 20 homens e 7 mulheres está assaltando e saqueando o que ver pela frente.

João o pai de Laura está passando na hora e pelo instinto atira para o alto dispersando o movimento.
João não sabe, mas a bala atingiu alguém que ele nunca viu e nunca vai saber o nome.

saques_pe

Essa é a situação do Brasil, estamos atirando uns nos outros, antes mesmo de saber a origem. Estamos brigando no trânsito, na fila, no estádio, na festa; estamos nos matando aos poucos, ou seria aos muitos? Hoje aqui no Recife estamos vivendo tempos de guerra. São pobres roubando pobres. Eu vi mulheres com crianças saqueando supermercados e saindo com sacos de rolo de papel higiênico nas mãos, ignorando a bosta que está fazendo em público.

Aí eu pergunto (de novo): que merda é essa? O país da Copa vai chegar dilacerado na competição e não terão pênaltis, nem prorrogação que o salve.

O apelo de Laura, de João, dos seus outros dois irmãos, do meu filho Lucca, e dos outros filhos é de que deixemos de ser egoístas. Enquanto o dinheiro e a corrupção vão domando os cidadãos, a bandeira brasileira vai ficando vermelha de sangue e vergonha.

Cada dia mais eu tenho vergonha de ser brasileira, na verdade, cada dia eu tenho mais medo. Acabou o contos de fadas e as fardas já não valem mais nada, também.

Siga o TREVOUS ⚡️ nas redes sociais: InstagramTwitter e Facebook.
Leila Perci
Leila Perci
Pernambucana, publicitária, curiosa, ansiosa e ainda mãe. Descobriu nesse último papel o prazer de realizar todos os outros. Viciada em cordel, crônica e poesia. Amante das palavras dá um boi pra entrar em uma conversa, e uma boiada pra não sair.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui