Os filmes que compõem a “Retrospectiva Petter Baiestorf” não deveriam ser assistidos por Ninguém, uma vez que Ninguém deve morrer. Então, caso você, que está lendo este texto, não se denomine Ninguém, nem se envolva diretamente com alguém que se identifique como Ninguém, recomento que assista aos curtas, médias, longas e (até) videoclipes de Baiestorf exibidos, de forma tanto digital quanto presencial, pelo MAM do Rio de Janeiro.

Mas antes de mais nada: quem diabos é Petter Baiestorf? Petter é um diretor vindo direto do subterrâneo do cinema nacional, criador da Canibal Filmes e nascido em Palmitos, Santa Catarina — cidadezinha que, sem dúvida, deve muito se orgulhar de suas obras feias, sujas, mal acabadas, blasfemas, escatológicas, pornográficas etc. Inspirado em nomes como Roger Corman, John Waters, José Mojica Marins, Sganzerla e Ivan Cardoso, Baiestorf cria um cinema anticinema cheio de energia e que tudo devora. Na verdade, para entender um pouco mais sobre sua estética e obra recomendo leiam este texto de Carlos Primati.
Pôsteres de “Ninguém Deve Morrer”
Voltemos a Retrospectiva. Na mostra você poderá assistir a pérolas do deboche como “Ninguém Deve Morrer” (2009), uma paródia aos faroestes e derivados — incluo aqui “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1968) de Glauber, que têm algumas de suas cenas reimaginadas por Petter Baiestorf.


Na retrospectiva você também encontrará os longas “O Monstro Legume do Espaço” (1995) e “O Monstro Legume do Espaço 2” (2006), uma bad trip, repleta de tosqueira e chorume, ao imaginário dos antigos filmes B de ficção científica dos anos 50. Aliás, você pode saber um pouco mais sobre o primeiro filme neste texto de Beatriz Saldanha.

Mas não só de filmes do cineasta catarinense a “Retrospectiva Petter Baiestorf” vive, podemos também assistir obras realizadas por colaboradores e pessoas próximas, como é o caso do “A Nau dos Loucos: Mergulho e Decolagem de Pazucus” (2021) documentário de Gurcius Gewdner, que mostra os bastidores de seu filme “Pazucus: A Ilha Do Desarrego” (2017). Ou você também pode assistir ao Interessante “Relembre da Carne” (2001) de Coffin Souza. Ou ainda o, surpreendentemente bem acabado, “Amor Sangue Dor” (2021) de Magnum Borini.

Agora, corram para conhecer a obra deste iconoclasta. Vão! Não pensem, pois a A “Retrospectiva Petter Baiestorf” vai até o dia 5 de dezembro. Depois, se for o caso, vocês terão tempo de sobra para me amaldiçoar por eu ter feito vocês verem coisas que nunca mais poderão ser desvistas. Os filmes podem ser assistidos no Vimeo do museu e presencialmente na Cinemateca do MAM. Para saber mais acesse a página do evento.
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